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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

.:Cidade Cinza - O Filme:.

Este documentário queria registrar a história de uma das principais crews de arte de rua de São Paulo, composta pelos grafiteiros OsGemeos, Nunca, Nina, Ise, Finok, Zefix, entre outros, mas, ao registrar os passos destes artistas, ao observar a cidade sob a ótica do grafite, o filme encontrou um personagem muito importante na trajetória de qualquer artistas de rua, famoso ou não: São Paulo. A cidade caos, a babilônia tupiniquim, a cidade acidente, um não-lugar por excelência. Sim, mais amor em SP, por favor. A arbitrariedade é um traço muito comum por essas bandas, e este modus operandi pautado pelo acaso e pelo “jeitinho”, pela mentalidade do colonizado extrativista, resulta numa cultura de improviso institucional que termina por ser uma marca de nossas políticas públicas, de nossas políticas culturais e, por fim, marcam a biografia de nosso povo.


Este filme não é um retrato de toda a cena de grafite de SP; não é um resgate de seu histórico; não é sobre se é arte ou não; não trata da perda da essência transgressora do grafite quando enclausurado no cubo branco das galerias e dos museus. Este documentário retrata um dos principais fronts da Paulicéia: as ruas – ao mesmo campo de batalha e ponto de confluência onde a miopia cultural, a carência social e a completa falta de planejamento urbano, buzinam mais alto. Entre o caos e a descrença paulistana, o grafite é a voz surda e cimentada desta cidade brutalista, uma ponte acidental entre os habitantes deste aborto estético-urbanístico, um dos poucos movimentos da atualidade em que os jovens se expressam.



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